Foram pequenas e não prejudicaram
ninguém. Ultrapassei o limite de velocidade em 20% na pista local da Marginal e
rodei com o carro em dias e horários não permitidos. É certo que foram várias
vezes em apenas um ano e o número de pontos acumulados ficou pari passu com o do Thor, mas garanto
que não coloquei a vida de ninguém em risco.
Bem, de todo modo, cumpri minha
pena. E, ainda, me entreguei. Sim, fui por livre e espontânea vontade ao Detran
entregar minha Carteira de Habilitação. Isso aconteceu há pouco mais de trinta
dias e na última sexta-feira peguei a CNH de volta com os pontos “zerados”...
uhulll... let’s drive again!
Calma, muita calma na hora do “drive
again” porque não posso me transformar novamente no Sr. Nervosus. Para quem não
sabe, o Sr. Nervosus é um personagem “representado” pelo Pateta (aquele, da
Disney) em um desenho animado onde ele, ao sentar atrás do volante, se
transforma em um tipo de monstro. Parece que os CFC’s passam este desenho para
os aspirantes a motorista. Eu assisti quando criança. Lembro-me que o Sr.
Nervosus dirigia como um louco, ultrapassando, xingando, cometendo todo o tipo
de infração por pura falta de paciência. Em cima de sua cabeça estava sempre
aquele furacãozinho que aparece em desenhos animados para mostrar que o
personagem está furioso.
Para falar a verdade, nos
últimos tempos este mesmo “furacãozinho” aparecia em cima de minha cabeça
quando me sentava no banco do motorista de um carro. De agora em diante
procurarei me controlar porque não gostei nem um pouco de ter um direito
suspenso.
Apesar de tudo, fazer o curso de
reciclagem foi útil. É bom relembrar certas regras que, com o decorrer do
tempo, caem no esquecimento. E dirigir em São Paulo não é coisa tão fácil. Em
um só dia é possível que o motorista se depare com a possibilidade de não
cumprir muitas regras.
Eu ainda não me considero
totalmente recuperada do “surto Sr. Nervosus”. Sinto que preciso me controlar
para não me transformar novamente no encantador personagem quando dirijo pelo
meu bairro de segunda a sexta-feira em horários não considerados “horários de
pico”. Eu não imaginava que o “trânsito” de terça-feira às 15h ou de quarta às 11h
em um bairro residencial fosse tão “complicado”. Meu Deus, como é difícil. Não
queridos, não estou falando de congestionamentos. Sobre esses eu nem falo mais
porque em horários de pico e em dias de chuva eu só me movimento de Metrô e
Ônibus. Sim, porque se eu me envolver novamente em um congestionamento daqueles
que estava acostumada a enfrentar quando trabalhava em Santo Amaro ou em
Interlagos (moro na Zona Norte), acho que seria presa ou internada. Meus nervos
já estavam à flor da pele quando resolvi utilizar somente o transporte público
para trabalhar. Congestionamentos nunca mais.
Voltando ao terrível “trânsito”
dos bairros em horários improváveis, tenho de confessar: já estou prestes a me
transformar na “Sra. Nervosus do Jardim São Paulo”... É inacreditável como tenho
me deparado com motoristas fazendo as mais diversas barbeiragens pelas ruas do
bairro. Eu detesto ter de admitir mas observei que metade das besteiras são
praticadas por mulheres com idade entre 30 e 60 anos que, provavelmente, não
trabalham e dirigem apenas pelo bairro a fim de levar crianças à escola, ir à
academia ou ao supermercado. A outra metade é cometida por senhores idosos.
Homens com 65 anos ou mais que também dirigem somente pelo bairro com a mesma
finalidade.
É certo que são pessoas não
habituadas a enfrentar os congestionamentos monstruosos do horário de pico e,
por isso mesmo, são tão “pacientes” na direção. Nada que é em excesso é bom por
isso faz-se necessário que a paciência no trânsito também tenha seus limites
afinal, andar em velocidade demasiadamente reduzida, parar no meio da rua para
desembarcar um passageiro, demorar para dar a partida quando o farol abre
também são atitudes que provocam acidentes.
O pior é que os motoristas com o
perfil acima não percebem isso. Eles acham que são “cuidadosos”.
Eu digo que não são nem um pouco
cuidadosos. São, na verdade, egoístas e medrosos. Sim, medrosos! Posso estar
sendo radical mas acho que quando se tem medo de fazer uma coisa, é melhor não
fazer. Principalmente se esta coisa envolve e atrapalha outras pessoas. Os
táxis estão por aí e, para quem não pode pagar uma corrida, aí estão os ônibus.
Mas não, alguns insistem em sair dirigindo seus automóveis quando não sabem
fazê-lo.
Apenas como exemplo do que quero
dizer, confesso que “morro” de medo de água. Sei nadar. Frequentei aulas de
natação, contudo não perdi o medo. Sabem o que eu faço? Mantenho meus pezinhos em
terra firme! É o medo que me impede de me atirar na água porque sei que vou
esquecer todas as regras aprendidas nas aulas e vou dar o maior espetáculo! E é
pensando em meus parentes e amigos que não me atrevo a sair por aí me jogando
em piscinas, oceanos, lagos ou rios! Já pensou se eu resolvo “enfrentar o meu
medo” e me jogo em uma piscina com 3m de profundidade? Eu não vou fazer isso e
acho que quem tem medo de dirigir também não deve dirigir. Pelo menos enquanto
tiver medo. Pronto, falei!
Eu também acho que o trânsito de
SP seria melhor se alguns motoristas não fossem tão lerdos. É certo que os congestionamentos
são causados, na maioria das vezes, pelo excesso de veículos, mas será que os
lerdos não colaboram um pouquinho?
Bem, é melhor não me estender
muito neste assunto.
O que eu gostaria mesmo, agora, é
de ser parada em uma “blitz” só para mostrar minha Carteira de Habilitação “zerada”.
Agora que eu queria, não acontece, droga!