JOVENS E NÃO TÃO
JOVENS – UMA CONVIVÊNCIA SAUDÁVEL
Demorei a decidir fazer a Pós. O que eu não esperava é que
seria a única “quarentona” da turma. Bem, a única não. Havia outra, mas mesmo
assim eu me senti “velha”.
A turma era composta de aproximadamente 40 alunos. Contrariando
a regra usual, o número de alunos se manteve até o final, com exceção de uma ou
duas desistências.
A maioria era recém-formada e a idade média da classe era 27
anos.
O que eu não esperava era ser discriminada por causa da
idade. Mas fui.
Eu não posso dizer que isso não me abalou. Abalou bastante.
Consegui concluir o curso a muito custo.
Na época eu estava muito bem no trabalho e não esperava
sofrer o bullying que sofri. E, apesar de não fazer tanto tempo assim, não se
falava em bullying naquela época. Ele
existia, mas ninguém comentava. No meu caso acontecia de uma forma velada.
Em 2004, um ano após concluir o curso, eu fui trabalhar em
outra empresa. Ali sim eu soube o que era ser vítima de assédio moral, ou bullying, como preferirem.
Foram quatro anos e quatro meses naquela empresa. Desses
quatro anos, três foram extremamente sofridos. A coisa vinha de todos os lados
e por todos os motivos. Era a idade, o peso (sou normal, porém, fora dos
padrões que eles impunham), entre outras coisas que a malévola imaginação de
meus colegas e superiores hierárquicos conseguia inventar.
Saí de lá em 2008. Carrego até hoje algumas sequelas, mas
não é sobre isso que quero falar. Estou apenas contando, de forma extremamente
resumida, o que me aconteceu para, agora, expor minha opinião sobre algumas
coisas.
Hoje, com 51 anos, decidi fazer outro curso de Pós
Graduação.
A turma, como eu já esperava, é composta de jovens advogados
com idade média de 27 anos. Igual ao outro curso.
As aulas iniciaram em fevereiro deste ano e eu, preparada e
armada “até os dentes”, com todas as “defesas” levantadas, iniciei as aulas
naquele mês.
Pois bem, para minha grande e grata surpresa: estou amando!
Não só o curso, que é excelente, mas também as pessoas, que são fantásticas!
Jovens, dinâmicas, inteligentes, educadas e gentis! Sim,
tudo isso.
Um dia desses eu comentava com uma amiga que nunca esperei,
na vida, me entender tão bem com pessoas mais novas.
Eu não sei se sou eu que sou imatura ou se são eles que são
maduros, mas a verdade é que sinto-me extremamente a vontade junto deles.
Obviamente a intenção não é fazer amigos ali, no entanto, é
necessário que o ambiente seja agradável, afinal, nos vemos todos os dias.
Quero, portanto, manifestar minha gratidão, principalmente a
Deus, por ter colocado pessoas “do bem” em meu caminho. Não me prolongarei e
não entrarei em detalhes, mas só Ele sabe o quanto tudo isto está sendo bom
para mim.
Minha intenção aqui é apenas expor um sentimento bom, honesto
e sincero.
E, aos jovens que me leem, caso ainda sustentem algum
preconceito em relação aos “maduros” que estudam ou trabalham com vocês, pensem
bem. Aproximem-se deles. Vocês poderão se surpreender de uma maneira positiva,
assim como eu me surpreendi com os jovens com os quais agora convivo.
Abraços a todos os jovens e maduros.